quinta-feira, 24 de maio de 2012

Uso redes sociais na escola? Sim ou não?

...sim!

Escrito por Carolyn Palmer, MA
Coordenadora no Westminster Christian School na cidade de Elgin, Illinois

Quando estudava no Ensino Médio e queria marcar um programa no final de semana com uma das minhas amigas, ligava para ela. Se ela fosse de uma família bem de vida, tinha um ramal em seu quarto para que pudéssemos conversar em particular. Se não, ela atendia a minha chamada pelo único telefone fixo da casa. Quando eu tinha coragem, passava um bilhete na sala de aula, ou conversávamos na hora do recreio. Hoje em dia, as crianças têm celular, menos famílias usam telefone fixo e faz muito tempo que não vejo os meus alunos passando bilhetinhos durante a aula.

Hoje, é quase certo que os programas sejam marcados por meio de torpedo ou postados na rede social. Mesmo que as escolas, durante anos, venham advertindo os seus alunos sobre os possíveis perigos das redes sociais, recentemente, várias escolas já abraçaram essa tecnologia. De fato, já observei vários sites de escolas cristãs em que elas orgulhosamente anunciam sua página no Facebook.

Por que essa mudança? Por que as escolas, que tanto advertiram seus alunos sobre as ramificações e consequências de compartilhar as suas vidas por meio de uma rede social, agora escolheram usar essa mídia?

Minha própria escola enfrentou esse conflito. Houve uma busca por sabedoria, discernimento e uma flexibilidade para aproveitar a tecnologia que beneficia e promove a nossa missão. A nossa escola, modelo de educação que enfoca a área do discipulado, entende que sua responsabilidade de informar os pais e ensinar os seus filhos faz parte da sua vocação e missão.

Um dos valores essenciais da nossa escola é que os professores sejam discipuladores, na linha de frente, para ajudar seus alunos a desenvolverem uma cosmovisão pessoal. Mesmo que os métodos de discipulado mudem com passar o tempo, o princípio de impactar a vida dos alunos não muda. Há várias formas de fazer discipulado na nossa escola. Alguns professores ainda se comunicam por meio de um bilhete escrito a mão, outros convidam o grupinho de discipulado para sua casa. Outros investem na vida dos alunos através de clubes e esportes extracurriculares, enquanto outros escolhem encontrar os alunos no lugar onde eles são mais engajados – Facebook ou Twitter.

Não importam os meios usados, sempre oramos e esperamos que os nossos alunos vivam suas vidas submissas ao Salvador, e que, quando eles amadurecerem, produzirão fruto que as Escrituras prometem àqueles que vivem no Espírito (Gálatas 5.22-23). A missão da nossa escola diz: WCS promove uma comunidade cheia da Graça de Deus que inspira seus alunos a descobrirem a Deus e Sua criação, desenvolver seus dons e habilidades, e demonstrar Cristo por meio de suas vidas.

Nossos alunos assinam um compromisso em relação ao seu estilo de vida e são ensinados que sua vida cristã é vinte e quatro horas, sete dias por semana, diante de Deus, da escola e da comunidade. Nossa expectativa é que os professores e alunos vivam pelos princípios bíblicos.

Não encorajamos e nem desencorajamos nossos professores do Ensino Médio a interagirem com seus alunos por meio da rede social. Alguns professores, eu inclusive, confirmo os convites dos meus alunos para ser adicionada às suas redes sociais. Pessoalmente, não pediria isto aos meus alunos, mas aproveito a oportunidade de compartilhar fotos de eventos escolares, comentar suas postagens, ou desafiá-los quando aparece algo questionável na sua página. Discipulado não é confinado aos muros da escola e não termina quando eles saem pelas suas portas. Muitos professores trocam informações na rede social com ex-alunos que agora estão na universidade ou têm suas próprias famílias.

Nem todos os professores aceitam os convites dos alunos. Alguns professores mais novos sabiamente consideram o impacto que tal contato poderia ter na sua habilidade de manter autoridade na sala de aula. Quando questionados pelos alunos, esses professores logo respondem que eles terão muito prazer em interagir com alunos, logo após a sua formatura.

Essa filosofia e prática talvez não funcionam em todas as escolas, mas, para nós, é uma extensão de Hebreus 12.1-2: “Corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé.”

Enfrentando difíceis situações e questões requerem tempo e disponibilidade para arregaçar as mangas, porque adolescentes e jovens são, assim como nós, pecadores que precisam do perdão do Salvador.


...não!

Escrito por Becky Shamess
Diretora da Escola Cristã em Bloomington, Illinois
http://www.cornerstonechristian.com/

Algumas vezes, me pergunto se a tecnologia tem se transformado em um novo ídolo que os cristãos buscam. Enviamos mensagens de texto, publicamos mensagens no Twitter, escrevemos em nossos blogs, “fazemos amigos”. Ainda assim, é comum percebermos nossos estudantes expressando seus sentimentos de isolamento, apesar da vida ‘conectada’. Depois de passar uma semana na Guatemala em janeiro do ano passado onde estivemos totalmente desconectados de toda a tecnologia comum, um de nossos estudantes comentou que sentia pavor ao ter que voltar a seu computador e celular. As relações pessoais que construímos durante uma semana o impactaram de tal forma que não queria regressar ao modelo de relações que formava estando conectado à tecnologia.

O tema das redes sociais é um tema complexo. Como qualquer outra inovação tecnológica, as redes sociais podem ser usadas para o bem, mas também para o mal. Nosso papel na educação de nossos alunos é usar os dons de Deus na tecnologia de tal forma que nos aproximem Dele. É difícil abordar esse tema e, pessoalmente, lutamos com esta afirmação durante anos antes de adotar a política que proíbe os professores de entrar em uma relação nas redes sociais com seus alunos. Nossas razões são as seguintes:

Mesmo pensando que nunca vai acontecer conosco, reconhecemos o perigo existente entre as interações privadas de alunos com professores. Estou ciente de algumas circunstâncias pouco agradáveis que aconteceram em escolas próximas à nossa envolvendo os meios de comunicação eletrônica. Certamente, essa é a razão mais fraca para restringir as redes sociais (...) e a nossa política visa proteger os alunos e os professores.

Também consideramos o papel dos pais na família. Afinal, são eles que se apresentarão diante de Deus e darão conta de como educaram e prepararam seus filhos. Embora já atuemos em ‘loco pais’ (no lugar dos pais) queremos manter a comunicação com os pais o máximo possível. Investimos milhares de dólares a cada ano para atualizar os programas de informática que temos nos laboratórios da escola e que nos permite ter essa capacidade. Cada e-mail enviado pelos pais e professores fica disponível através desse sistema. Os pais e os alunos sabem como localizar os professores quando necessitam. Contudo, quando um aluno se comunica com um professor através de e-mail, a mensagem entra diretamente na conta de correio eletrônico dos pais e (oramos) para que seja de seu conhecimento e estejam debaixo de sua supervisão. Entretanto, conhecemos muitos bons pais que estão faltosos na supervisão das atividades de seus filhos, incluindo as atividades nas redes sociais e, infelizmente, há muitos pais que não se preocupam com isso. Esperamos que a comunicação que acontece entre os alunos e professores seja clara para os pais e que isso seja um elo na comunicação entre pais e filhos.

Finalmente, como a maioria das escolas cristocêntricas, damos alta prioridade às relações completas e positivas entre professores e estudantes. Intencionalmente, falamos, escutamos, oramos e ensinamos. Nossos estudantes sabem que os amamos, mas que não somos seus amigos. Algum dia seremos amigos, mas como estão debaixo dos nossos cuidados, queremos investir em suas vidas e amá-los como pessoas que têm autoridade sobre eles. Por isso, temos decidido não observar suas idas e vindas através das redes sociais e não permitir que tenham acesso a nossa – um contexto que pode limitar a nossa curiosidade. Oramos por eles, para que através de nosso exemplo, os alunos possam aprender o que Paulo disse: “Procura viver em paz com todos, a ocupar-se com suas responsabilidades e a trabalhar com suas próprias mãos.” (I Tessalonicenses 4.11)

Nossa politica não é perfeita, e não duvido que com o tempo teremos que aperfeiçoá-la. Entretanto, continuamos discipulando a vida de nossos estudantes, usando os dons de Deus na tecnologia para estabelecer e manter as relações com os amigos de outros países, esperando algum dia o Senhor nos permita ver esses amigos face a face. Com certeza, esse desejo de ter contato pessoal, é um reflexo do anelo dos crentes de um dia ver Jesus face a face também (I Co 13.12).

Christian School Education Vol. 15, No. 1

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