quinta-feira, 26 de abril de 2012

Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)

Diário de Natal
Ponto Contra Ponto / Caderno - Cidade
Edição de Domingo

Enem é um sistema de avaliação melhor do que o tradicional vestibular? 

A pergunta tem como pano de fundo a recente decisão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) da UFRN de ampliar o Sistema de Seleção Unificada (SISU) que seleciona estudantes através das notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para o exame de 2013, todos os cursos deverão disponibilizar, no mínimo, 50% das vagas através do Sisu, o restante será destinado ao ingresso via vestibular. A notícia tem sido motivo de preocupação e debate sobre o assunto, principalmente, concluintes do Ensino Médio, professores e gestores de escolas e cursinhos de Natal, diante o medo que o Vestibular tradicional possa estar com os dias contados. O Poti abre espaço para ampliar o debate, no Ponto e Contra Ponto. A reitora da UFRN, professora Ângela Paiva defende as mudanças, enquanto o professor Carlos André, diretor do Colégio e Curso Overdose, critica o novo sistema.
Ângela Paiva - Reitora da UFRN


O Vestibular da UFRN é um processo seletivo de muita qualidade, aperfeiçoado ao longo dos anos em que foi aplicado e analisado. Contudo, o Sistema de Seleção Unificada (SiSU), que utiliza as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) para ingresso no ensino superior, tem características próprias que levaram a UFRN a decidir pela sua utilização, inicialmente para 50% das vagas em 2013 e, a partir de 2014, como processo seletivo único para as vagas iniciais da Universidade.

Uma primeira característica interessante é que, no SiSU, a opção pelo curso acontece com o candidato já conhecendo a sua nota. Isto evita que o estudante que tem interesse potencial por mais de uma formação deixe de ingressar porque escolheu previamente um curso para o qual sua nota não é suficiente, sendo que, em outra opção, ele poderia ser selecionado. Ao longo dos cinco dias durante os quais o SiSU permanece aberto, o candidato pode testar e modificar sua escolha, definindo-se por um curso no qual sua nota permite o ingresso.

Um segundo fator que foi decisivo na opção pelo SiSU é seu aspecto inclusivo e democrático. Por exemplo, a UFRN aplica seu Vestibular em 5 cidades, enquanto as provas do ENEM 2011 foram realizadas em 35 municípios potiguares. O custo para o estudante também é menor, pois não há necessidade de deslocamento para prestar o exame, a taxa de inscrição é bem mais baixa e garante-se a isenção do pagamento para a totalidade dos estudantes da rede pública.

Outro aspecto favorável é o fato do sistema ser unificado e ter âmbito nacional. Isto oferece aos estudantes uma ampla variedade de opções, permitindo que o candidato concorra em mais de uma instituição sem precisar participar de vários processos seletivos. Aqui no estado, por exemplo, o candidato poderá concorrer às vagas da UFRN, da UFERSA e do IFRN em um único processo.

Quanto às provas, o ENEM se baseia uma forma de avaliação que já vinha sendo incorporada ao vestibular da UFRN. As questões são contextualizadas, buscando avaliar se o candidato está capacitado para colocar em prática o conhecimento adquirido, priorizando a lógica, a interpretação e a conexão com assuntos atuais. Além disso, as provas são mais abrangentes e interdisciplinares, pois uma mesma questão pode envolver conteúdos de várias disciplinas.

Por todas estas características, os órgãos deliberativos da UFRN entenderam, após ampla discussão com a comunidade universitária e com a sociedade, que era chegado o momento de acelerar o processo de transição progressiva para o SiSU, iniciado em 2009. Entendemos que esta medida terá reflexos positivos na democratização do acesso à Universidade e, em médio prazo, na evolução em qualidade do ensino médio, valorizando o ENEM como ferramenta de avaliação.
Carlos André - Professor


Baseando-se no vestibular da UFRN respondo, sem medo errar, que o Enem é muito inferior. O ENEM é um exame cujas questões têm baixo nível de dificuldade e que supervaloriza a "resistência" do aluno. É uma prova com um número de questões ABSURDAMENTE elevado, desgastante, que não mede de forma precisa o conhecimento dos candidatos, até porque é toda objetiva. A própria UFRN sempre defendeu que a parte subjetiva do vestibular era a mais relevante para avaliar o nível dos candidatos.

Trocaremos um vestibular com alto índice de confiança da população por um que poucas pessoas confiam. Eu diria que é quase impossível realizar um exame num país com dimensões continentais como o nosso e garantir 0% de falhas. Além dos escândalos veiculados na imprensa nos últimos anos, temos ouvido relatos dos alunos em relação aos fatos ocorridos durante as provas, que são completamente absurdos.

O Enem é um exame em que a redação, matemática, física e química têm maior peso no resultado. Dessa forma, um aluno de Medicina se dedicar mais à matemática do que a biologia, não faz sentido! Mais absurdo ainda seria para um candidato ao curso de Direito!

A decisão da UFRN em dividir o processo nesse ano em 50% Enem e 50% vestibular tradicional não foi a melhor possível. No vestibular tradicional, a maioria dos alunos concentra grande parte do tempo de preparação para as provas subjetivas, enquanto que a estratégia do Enem deveria ser completamente diferente. Teremos uma disputa via Enem onde a concorrência será enorme com alunos de outros estados que estão focados 100% nesse modelo (distribuição de cargas horárias de aulas e horários de estudo diferentes dos alunos potiguares). 

No vestibular tradicional, ao final de Novembro, os alunos de estados vizinhos migrarão para o nosso, visto que a UFRN será o único exame "fora de época". A melhor solução seria ter adotado o Enem como 1ª fase e as subjetivas UFRN como 2ª fase como, por exemplo, em Pernambuco.

A Comperve tem repetido o mantra que: "o Enem democratiza o acesso ao ensino superior no país". O futuro provará que não é verdade! Em Campina Grande e no Acre a maioria das vagas de Medicina foram preenchidas por alunos de ESCOLAS PARTICULARES de fora do estado. No Acre aproximadamente 100% das vagas.


O povo fala:


"Como minha área vai ser humanas, eu não acho que vai ser tão prejudicial. Mas na área que vai ser concorrido, tipo exatas, será ser muito ruim, pois vai ter muita gente de fora querendo pegar as vagas da gente".
Késia Bispo, estudante

"Eu vou fazer administração e não vou ser tão atingindo. Achei que ficou mais complicado de ser aprovado, porque com a vinda do Enem junto com o vestibular da UFRN, a seleção ficou mais competitiva".
Bruno Jedson, estudante

"Talvez sim porque vai democratizar o vestibular. Só que o Governo tem que ver como essa galera vai entrar na universidade hoje. Os alunos de escola pública terão mais vantagens que o aluno de escola particular".
Jonas Pereira, estudante

"Eu acho que tudo na vida tem um lado positivo e negativo. Para alguns candidatos vai ser ruim por causa da concorrência, mas por outro lado vai ser bom para os alunos do interior que veem para fazer o vestibular".
Rodolfo Cândido, estudante

Fonte : http://www.diariodenatal.com.br/2012/04/22/cidades3_0.php

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