É comum nos depararmos com noticiários acerca da violência nas escolas. Não são poucos os casos que colegas professores sentiram e sentem na pele as consequências desse mal.
A falta de respeito, a violência verbal, o ser ignorado são exemplos de agressões rotineiras vivenciadas por professores e equipe técnica escolar. Mas, de onde vem tanta violência? O que leva um jovem a buscar na intimidação sua afirmação pessoal diante do grupo de convivência?
Alguns responderiam: as questões sociais; outros, a má formação familiar; e ainda outros, a falta de uma cultura de paz, bem como o ritmo da vida moderna com sua competitividade e selvageria. Como se observa, são inúmeros estímulos à violência e, de certa forma, a escola é impotente para lidar com a totalidade dos fatores acima expostos.
Se a violência não pode ser extirpada da sala de aula ou do pátio escolar como um todo, ela pode ser amenizada com algumas ações práticas. O espaço físico é um dos elementos que pode contribuir, e muito, para a diminuição de atitudes violentas no âmbito escolar.
A liberdade para correr e gastar energia em muito contribui para termos uma turma saudável e disposta ao aprendizado. Quando não existe espaço haverá necessariamente de se ter um maior controle sobre o pátio escolar. Uma solução para dificuldades com espaço podem ser os jogos coletivos ou não.
A estimulação de jogos de tabuleiros [dama, xadrez...] é uma boa sugestão para manter a mente e o corpo ocupados nos horários do intervalo. O uso da quadra, quando se dispõe deste recurso [bola, voleibol...], é também uma boa saída para o extravaso da garotada cheia de energia. A ausência dessas ações contribui para um permanente estado de tensão, que tende a ser extravasado de forma explícita ou não.
Além do espaço, o testemunho pessoal é outra ferramenta de grande importância no combate à violência escolar. Uma equipe técnica atuante, sensível às necessidades dos seus alunos, pode, em muito, fazer a diferença na vida da garotada. Em conversa com um colega professor ele me fez um relato que ilustra bem a intervenção positiva de um mestre na vida do seu aluno.
Conta o professor que em uma escola renomada na cidade do Recife um aluno foi denunciado por seus companheiros de classe como autor de um ato infracionário. O jovem colocou uma bomba junina no banheiro da escola e pichou a parede com a seguinte palavra de ordem: “Abaixo a burguesia”. Quando abordado por seu professor logo ficou sem graça e, levado a refletir sobre seu ato, mudou drasticamente de postura.
Das muitas palavras ditas naquele encontro, uma em especial ficou no coração daquele jovem rico: “Se não se sente bem em ser o que você é, traga seus bens e entregue para os moradores de rua”. De cabeça baixa e em lágrimas o jovem se apresentou voluntariamente à coordenação da escola, pagou o prejuízo, mas foi afastado da comunidade. Passados alguns anos o professor encontrou-se ocasionalmente com seu ex-aluno, que lhe relatou haver trabalhado com jovens da FEBEM. O rapaz imprudente deu lugar a um homem maduro e consciente do seu papel social e em paz consigo mesmo.
A omissão é, sem dúvida, um pecado. Muito do que vemos hoje como violência na escola em parte se deve à falta de orientação de alguém próximo, cuja imagem suscite segurança e autoridade. A crise pela qual passa a família em nossos dias tem arruinado a vida de muitos jovens. Sem ter referencial no lar nossos jovens ficam à mercê da mídia, dos colegas, do mundo. Onde faltam pais, sobram aliciadores!
Fonte:
O presente texto é fruto de uma conversa ocorrida entre os professores do Bereiano em nosso glorioso horário de intervalo. Esperamos que possa de alguma forma contribuir para o debate sobre o tema.
Jerônimo Viana
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