sexta-feira, 15 de junho de 2012

Crescer, incluir e preservar: os três pilares do desenvolvimento sustentável

Dois dos maiores debates para a Rio+20 envolvem a questão da economia verde para o desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza, bem como a estrutura nacional para essa nova economia. Segundo o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, esses temas serão considerados sob três pilares: econômico, social e ambiental. "Para o Brasil, é de suma importância preservar o legado da primeira conferência", disse durante o Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável promovido pelo Conselho Internacional de Ciência (ICSU), que aconteceu na PUC-Rio entre os dias 11 e 15 de maio.

"Há um sentimento generalizado de que nada mudou desde 1992, como se estivéssemos em um período de inércia política", comentou. De acordo com ele, há vinte anos o aparato tecnológico não se podia comparar ao de hoje, fator que evoluiu e interconectou a sociedade em escala cultural, social, política e econômica. "Além disso, a emergência do conceito de Antropoceno reforçou a ideia de que o ser humano é a principal força motriz de transformações no sistema terrestre."

Raupp afirmou que, em sua essência, essa concepção requer que as nações reavaliem sua relação com o planeta e entre si para a prosperidade das gerações presentes e futuras.  "O cuidado com o planeta requer rápidas inovações e para isso o papel da ciência é fundamental", ressaltou.

Algumas das metas citadas para os próximos vinte anos que viabilizam a implementação de políticas sustentáveis em nível mundial foram: ampliar o acesso à água segura para 100% da população do mundo; promover a agricultura sustentável e segurança aIimentar; reduzir em 30% as emissões desse setor; aumentar o uso das energias renováveis de 13% para 30%; reduzir o desmatamento global a 20% dos valores atuais (50 mil km2/ano), entre outras iniciativas.

Economia verde inclusiva

O ministro destacou o investimento brasileiro em energias renováveis, que, segundo ele, já alcança 45% da matriz nacional, como hidroenergia e biocombustíveis. "Estamos  muito acima da média mundial. A energia eólica está se disseminando rapidamente e já comporá 7% da matriz elétrica em 2014", acrescentou. Entretanto, o caminho para a sustentabilidade demanda a correção de situações históricas, como o acesso universal ao saneamento básico; mudanças na infraestrutura das grandes cidades para o total acolhimento de novas condutas e revolução no ensino, visando preparar os estudantes para a inovação e para o desenvolvimento sustentável.

"Em resumo, nosso potencial de biodiversidade, nossos avanços recentes no campo social, nosso potencial de energia limpa e nosso desejo de transformar a agricultura brasileira nos permitem fazer uma transição mais rápida e segura para uma nova economia", frisou. Para Raupp, o Brasil defende essa transição desde que ela seja inclusiva, servindo como ferramenta para a implementação do desenvolvimento sustentável e contemplando os pilares econômico, ambiental e social. "A economia verde inclusiva deve fomentar a geração de empregos, inovação tecnológica, ciência, inclusão social e conservação dos recursos ambientais".

O ministro enfatizou a dificuldade de se obter consenso em torno da definição de economia verde, o que, a seu ver, está atrelado ao fato de que cada país deverá traçar uma estratégia de transição, levando em conta suas peculiaridades, perspectivas e necessidades. "Não há uma receita única, e o importante é que essa economia não seja utilizada como pretexto para a imposição de barreiras comerciais, por exemplo", salientou.

Documento final

Por fim, Raupp lembrou que, ao longo dos dois últimos anos, a comunidade científica e tecnológica internacional vem participando da preparação da Rio+20, levando contribuições ao conteúdo dos temas e documentos oficiais. Seguindo a mesma linha, o documento final do fórum da PUC será encaminhado pelo ICSU às delegações e chefes de Estado reunidos no Rio Centro. "Há muito trabalho pela frente, mas estou seguro de que teremos um texto objetivo e contundente sobre o papel da Ciência, Tecnologia e Inovação para a sustentabilidade global e na transição para uma economia verde inclusiva".

(Renata Fontanetto para NABC)

Nenhum comentário:

Postar um comentário